O deputado Antônio Bacelar (PMDB) anunciou, hoje (11), que a coordenação da Semana Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia vai produzir um relatório sobre as palestras e sugestões discutidas durante o evento, realizado entre 5 e 11 de junho, no auditório Fernando Falcão da Assembleia Legislativa.
No último dia de debates foram discutido os 30 anos do Projeto Grande Carajás, projeto de exploração mineral criado pela então empresa estatal brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), durante o governo Figueiredo, quando Eliezer Batista, o pai do multimilionário Eike Batista, era presidente da Vale.
Convidado como palestrante, o deputado federal e ex-secretário de Planejamento e Educação do Maranhão, Gastão Vieira (PMDB) fez um relato da importância do projeto, que ele disse ter acompanhado desde a sua implantação até os dias de hoje.
Representantes da Vale, José Carlos Sousa (gerente-geral de Operações) e Christiana Saladanha (coordenadora da Fundação Vale) falaram dos projetos ambientais e os investimentos da mineradora ao largo da ferrovia que corta vários municípios maranhenses.
O arquiteto e urbanista Ronald Almeida Silva surpreendeu ao chamar de incoerência cobranças de responsabilidades ambientais e sociais da Vale por setores da sociedade deixam de dar sua contribuição para a preservação do meio ambiente. E mostrou fotos chocantes de pessoas agindo de maneira pouco civilizada.
Ivan Sarney, ex-vereador, representou o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal Sarney Filho (PV), que não pode comparecer por conta das convenções partidárias que marcaram a sexta-feira. Contumaz defensor das causas ambientais, Ivan Sarney leu uma carta de Sarney Filho na qual o parlamentar defendia a reforma tributária ambiental com a criação do imposto verde, como forma de promover o desenvolvimento sustentável.
Perto do encerramento, o deputado Alberto Franco (PMDB), presidente da Comissão de Educação Ciência e tecnologia defendeu o rigor no respeito às normas ambientais e citou projetos do legislativo que propiciam melhor defesa ao meio ambiente. Entrou no tema educação e foi incisivo ao cobrar do governo a oferta de ensino superior profissionalizante.
Depois da apresentação de um projeto feito por estudantes da Uema (Universidade Estadual do Maranhão) aos representantes da Vale, Antônio Bacelar, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Minas e Energia da Assembleia e um dos idealizadores da semana fez o discurso de encerramento, mostrando os prejuízos e os problemas que a falta de respeito com o meio ambiente trouxeram a São Luís, como o aumento de 2ºC na temperatura média da capital, apenas nos último dez anos.
PARA SABER MAIS
Projeto que vale ouro
O Projeto Carajás, oficialmente conhecido como Programa Grande Carajás (PGC), foi um projeto de exploração mineral, implantado entre 1979 e 1986, na mais rica área mineral do planeta. Estende-se por 900 mil km², numa área que corresponde a um décimo do território brasileiro, e que é cortada pelos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, e engloba terras do sudoeste do Pará, norte de Tocantins e oeste do Maranhão.
Para a consolidação desse ambicioso projeto, foi implantada uma importante infra-estrutura, que incluiu a Usina hidrelétrica de Tucuruí, a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de Ponta da Madeira, localizado no Porto do Itaqui, em São Luís.
De Carajás até o porto de Itaqui, em São Luís foi construída uma ferrovia para facilitar o escoamento dessas riquezas minerais, que são em sua grande maioria exportadas. Essa área exporta atualmente mais de 70 milhões de toneladas de ferro por ano, principalmente para o Japão, além de quantidades bem pequenas de manganês e cobre.
Junto com as ferrovias, as condições hídricas dos rios amazônicos (com grande volume de águas) são fundamentais para o escoamento dos minerais extraídos, e também para assegurar a operação da usina de Tucuruí, necessária para o funcionamento das indústrias de transformação de minerais.